
A esteva uma valente solitária: o nome científico da esteva é Cistus ladanifer L., uma das espécies da família botânica CISTACEAE. (Foto: Mónica Martins, Lousal, 24 de março 2021)
Esteva, a majestosa flor de cinco pétalas brancas
Todo o bom alentejano conhece o cheiro mediterrânico da esteva e a sua majestosa flor de cinco pétalas brancas, adornadas por uma unha castanho-avermelhada no seu interior.
O que alguns talvez não saibam, é que esta planta pertence a uma família botânica designada CISTACEAE e que o seu nome singular e universal, é Cistus ladanifer L..
Pois é, à esteva chamam-lhe muitos nomes: xara, roselha-branca, cinco-chagas-de-cristo, estepa negra, jara de las cinco llagas ou txaraska se formos até espanha, e terá tantos outros, conforme quem os disser e onde.

Os nomes comuns são variáveis, conforme a região e o interlocutor. Alguns dos nomes pelos quais esta planta é conhecida em Portugal são esteva, xara, roselha-branca e cinco-chagas-de-cristo. (Foto: Guida Brito, Nossa Senhora de Aracellis, Castro Verde; março de 2020)
Os nomes comuns são pouco fiáveis
Aqui verificamos que os nomes comuns, podem ser pouco fiáveis, já que variam conforme a geografia e o interlocutor.
O mesmo acontece com todas as espécies de plantas vasculares (as que têm canais vasculares por onde circula a seiva), de modo que “chamar as coisas” (espécies ou taxa) pelo seu nome (científico) é sempre o mais certeiro.
Os nomes científicos apresentam sempre em primeiro lugar o nome do género, neste caso Cistus, que possivelmente deriva do grego kíste “cesto” ou do latim cista “cesta, caixa”, devido à semelhança dos seus frutos com estes objetos.

O fruto da esteva tem a forma de um cesto ou cápsula. Esta abre-se ao maturar, libertando as sementes da planta. (Foto: Mónica Martins, Santiago do Cacém, 26 de março 2021)
Esteva: o óleo aromático
Segue-se o epíteto específico, que dá o nome à espécie propriamente dita (já que um género pode comportar um elevado número de espécies diferentes). Para a xara, é ladanifer.
A origem deste epíteto, deve-se ao ládano ou lábdano, a resina aromática e peganhenta que a planta segrega e que lhe dá o seu aroma tão caraterístico.
Este óleo aromático (como a maioria dos óleos essenciais, ou seja, produzidos pelas chamadas plantas aromáticas), serve para a esteva se proteger da perda de água e da dissecação, já que o clima Mediterrânico, de estios quentes e secos, onde a espécie ocorre naturalmente (Península Ibérica e Sul de França) é propício a tais fenómenos.

A xara é uma planta caraterística de zonas de clima Mediterrânico, em que a época mais seca do ano coincide com o Verão ou estio, durando pelo menos dois meses. (Foto: Guida Brito, concelho de Mértola, março 2020)
Esteva: uma planta aguerrida e solitária, muito resistente a perturbações ambientais
O óleo, figura ainda no conjunto de estratégias adaptativas e de desenvolvimento da planta, pois a xara, perdão, o Cistus ladanifer, é uma planta aguerrida e de poucas conversas, muito resistente a perturbações ambientais, como os fogos, desbastes rasos e até contaminações do solo com metais pesados, sendo, pois, não raras vezes, a primeira a aparecer e mesmo a única a existir, durante muitos anos em determinado local.
Sobrevive em ambientes inóspitos e prospera na adversidade, talvez porque se adaptou a viver e florir, onde muitas outras plantas, mais sensíveis aos rigores climáticos e exigentes nos seus requisitos ecológicos, simplesmente não vingam para ver a luz do dia!