Ana Vaz – Uma estória com H maiúsculo – Alcarias – Concelho de Ourique
Um simples “boa tarde” despertou-me a atenção e obrigou a uma paragem dos múltiplos cliques – registavam uma das mais belas aldeias: Alcarias.
Simples e afável, a minha interlocutora autorizou, de imediato, o registo fotográfico e prontificou-se a dois deliciosos dedos de conversa. Ana Vaz, professora reformada, veio de Lisboa e, apaixonada pela aldeia, ali ficou a residir. Perguntou-me se sabia da biblioteca que tinha criado – confesso que nas pressas (do clica aqui, clica ali e no fascínio de fotografar o tão belo que embebia o meu olhar) não prestei a devida atenção ao que me queria contar.
Biblioteca “Ler e Contar”
Chegada a casa, após alguma pesquisa, percebi que tinha perdido: uma das mais belas estórias, contada na primeira pessoa. Ana Vaz comprou uma casa na aldeia e decidiu ali criar uma biblioteca.
A iniciativa agradou aos vinte habitantes que, todas as tardes, interrompem os afazeres (na horta e nos quintais) e ali se reúnem: leem; declamam poesia; contam histórias e fazem presente os tempos antigos. Convivem e impregnam de afetos um local onde o “Cante” também tem lugar.
É tanto o sucesso que , a esta aldeia onde não existem crianças, uma educadora de Messejana faz, com alguma regularidade, visitas de estudo com os seus alunos. E, são muitos os que se deslocam, a pé, da Conceição(povoação vizinha) para pedir livros emprestados. A leitura e o afeto são registos diários na vida da aldeia.